sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

C'est la vie


Faz tempo que eu não escrevo nada. Eu poderia escrever sobre os mais diversos assuntos aqui. A vida universitária é como a vida no mundo real, só que em menor escala. Acho que é preciso escrever sobre uma coisa que afeta a todos. Se você nasceu, acredite... você vai encontrá-la, cedo ou tarde. A morte. Não digo a sua morte, especificamente. O fim de um período é a morte. Nunca acontecerá de novo. Também é válido lembrar dos nossos colegas de Teresópolis, Petrópolis, entre outros, que estão sendo afetados, direta ou indiretamente, pela resposta da Natureza, e estão enfrentando a morte de perto. Uma vez, um professor muito inteligente disse pra turma: Ninguém morre afogado, eles morrem pelo medo de se afogar. Talvez isso seja verdade. Afinal, mesmo no mar, se você deitar na água, dá pra boiar e ser levado até a praia. Mas, com medo, você tenta nadar e acaba levado pela correnteza.
Já percebeu que pessoas mais velhas não têm medo de morrer? Será que é por que viveram o suficiente? Será que alcançaram um nível de iluminação superior ao nosso, jovens universitários perdidos na vida? Minha avó tinha sete irmãos/irmãs. De uma família enorme (10 pessoas), só sobrou ela. No dia 9/12/10, o último irmão dela faleceu e vovó entrou em choque. Sabe, eu estava na república, preparando uma apresentação de 3 horas e pouco pra uma aula. E não sabia o quê fazer. Voltar pro Rio pra ficar com ela era impossível, tanto pela apresentação quanto pela opinião de mamãe e papai. Vovó não pôde ir ao enterro. Quando fui vê-la, percebi como ela estava se sentindo sozinha. A tristeza já havia passado, como logo passa depois de uma morte já esperada, mas seus olhos estavam cansados, opacos. Impossível dizer qual era a cor deles. E estão assim até hoje.
Mamãe sempre diz que eu não posso carregar o mundo nas costas. Mas nada me impede de tentar não é? A vida anda difícil. O câncer, entre outros, atingiu a família em cheio. Dessa vez, realmente, não posso fazer nada. Será que morrer é como se sentir impotente? Será que é possível partir, sentindo que já viveu o suficiente?
Um pensamento bastante tenso para um período de férias, também acho... Entretanto é estranho perceber como a morte em si nos afeta. Alguns mais, outros menos. E no final... bem, no final a vida sempre continua.